"POVOS"- Nações INDÍGENAS
COM PROFUNDO RESPEITO AOS NOSSOS ANCESTRAIS
Por Liana Utinguassú
Escritora
Servidora /Presidência Oscip Yvy Kuraxo(Voltada aos Povos
Indígenas)
No
que diz respeito aos Povos(Nações) Indígenas, muito se fala, se critica, se
discrimina, pouco se sente e o
desrespeito é constante.
Me pergunto frequentemente: “O que
mudou”, desde o descobrimento do Brasil?
Aliás a primeira pergunta é: Como
poderiam descobrir se por aqui já
estavam nossos ancestrais?
A Constituição de 1988 é um de
divisor de águas aqui..Muitos esforços dos povos indígenas ,
organizações não governamentais,antropólogos,Parlamentares e demais
simpatizantes na causa se mostravam
empenhados em resguardar os direitos dos Povos Indígenas, mas parece que
nada avançou na prática, porque constantemente vemos o não índio atribuir
julgamentos cruéis aos nossos parentes indígenas. Não consigo entender quando
escuto: “Os índios não precisam de Terra, já tem demais”, não necessariamente
nesta ordem, mas as frases se seguem neste contexto por aí à fora. Outros
dizem: “Os índios são violentos,
selvagens” (referindo-se aqui ao
episódio exibido na TV Globo, quando o
engenheiro da Eletrobrás foi atingido com golpe de facão pelos Kaiapós). Também
escuto que índio que é índio não vem para cidade, que os descendentes não merecem ser reconhecidos como índios, que os índios que estão na cidade são
qualquer outra “coisa”, já se envolveram
com o Juruá(não índio).
Tenho escutado muito e tenho visto
poucos dedicarem um segundo para reflexão , para procurarem olhar sob a ótica do indígena .
Os
indígenas são seres humanos ,para
quem ainda questiona. Em sua maneira de ser e viver guardam sabedoria, prudência e uma inteligência
suprema no trato com à Mãe Terra e
no respeito aos seus irmãos
representados em toda natureza.Eles sempre conheceram e conhecem como
preservá-la, mas o não índio parece
ignorar o valor destes povos e o expulsam de sua morada sagrada como
insetos.Com todo respeito aos insetos, nossos irmãos, sabemos que os índios não são desta espécie, mas a
respeitam.
Estes povos taxados de ignorantes, incoerentes,
desorganizados, preguiçosos, incapazes , são
jogados costumeiramente à beira das estradas por aqueles que deveriam
honrar a palavra e deixá-los viver em
paz. Estes povos morrem de forma brutal
, carregando marcas seculares em suas almas e continuam morrendo e renascendo sem que muitas vezes a sociedade
do não índio saiba e lhes dê atenção
devida, pois afinal, estes povos
estão no passado ou nunca existiram para
o não índio.
Alguns dizem que índio
“verdadeiro” não existe mais e me pergunto: “Onde está o ser humano verdadeiro?”
Será que um dia existiu? Acredito que
povo sem consciência ainda é pior que povo sem memória, então por isso devemos
refletir : “Quem fomos, quem somos, e que estrada estamos trilhando.”
Quem será que sabe mais sobre como preservar a Mãe Terra? Onde estaremos
daqui há alguns anos? Dadas as seqüências de catástrofes climáticas, o
galopante desmatamento e ocupação da Amazônia, ao lixo acumulado no fundo do
oceano pelo progresso do homem ,aos aumentos na produção de gases e do efeito
estufa, acredito que todos estamos no
centro de um furacão que irá nos conduzir
ao resultado de tudo que aqui
plantamos. E mais uma pergunta surge:
“Quem foi mais selvagem? Quem agiu de
forma mais incoerente? Quem foi preguiçoso, violento? Incapaz?
Nossos parentes indígenas jamais
desistirão de cuidar da Terra, eles não a vendem, nem por todo ouro deste
mundo! A Terra tem todo tempo, ela seguirá seu curso, mas e nós? Temos todo tempo? Com certeza que não. Não sei se
estaremos aqui, amanhã, então respeitemos aqueles que deveriam ser para nós os exemplos de maior sabedoria à ser
seguido. Busquemos honrar respeitar suas leis que
são verdadeiramente lúcidas,
sensatas e altamente democráticas, pois
não há imposições, todos colaboram e
os pajés, que são lideranças espirituais
chefes respeitados,trabalham firme para
o bem de toda comunidade. Assim eles caminham.. Cuidam das crianças, dos mais
velhos, com carinho e respeito, portanto quaisquer falas sobre estes povos sem conhecê-los no seu modo
de ser, será um julgar pelas leis do não
índio que cada vez mais se perde por não
honrar aos seus ancestrais e jogar palavras
ao vento.
Recentemente vimos mais uma
avalanche de violências contra nossos Parentes.Aqui no Sul, tivemos a prisão de um Cacique Mbyá Guarani (Santiago) da comunidade de Eldorado do Sul.Foi algemado
injustamente, e as famílias foram colocadas à beira da estrada por conta de uma
ordem judicial inconstitucional, alegando que ali não era terra demarcada dos Mbyá Guarani e sim terras da FEPAGRO..Logo em
seguida, em Camboinhas (Rio de Janeiro), vimos o horror vivido pela comunidade Guarani totalmente queimada gerando
caos entre sentimentos de medo,
revolta, “guerra” que o não índio declara e o índio percebe que está sendo caçado.Sim, caçado!
Então pensemos como nos sentiríamos se acordássemos e víssemos nossas casas,
nossas crianças, nossos parentes
correndo risco, o fogo consumindo e sem ter a quem recorrer.São
tantos acontecimentos tristes e sem solução aparente que me pergunto:
O que
está acontecendo?
Será que o homem perdeu sua alma?O que dizer de crianças que
morrem nas reservas, vítimas de bala perdida, vítimas de abusos de todos os tipos? Na medida em que vamos
citando um a um os casos, acredito que
não dá para ficarmos sem expressar
nosso mais profundo pesar, amargura. Mas, sabem porque estes povos seguem em frente?
Porque jamais, jamais se pode matar um espírito forte e Guerrero de
verdade. Ele persiste, ele segue, renasce, se preciso, das cinzas.Assim foi , é
e será.
Valores como: Respeito,Honra, Justiça e por que não dizer aqui,
Gratidão, podemos encontrar nas
comunidades indígenas e a carta do Chefe
Seatle de 1854 ,nunca esteve tão atual. Abaixo citamos como reflexão uma parte
da carta:
“Se
vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la separada e sagrada,
como um lugar onde mesmo o homem branco pode ir para sentir o vento
que é adoçado pelas flores da campina. “
“Assim, vamos considerar sua
oferta de comprar nossa terra.
Se resolvermos aceitar, eu imporei uma condição – o homem branco
deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. “
“ Sou um selvagem e não
entendo de outra forma. “
Liana Utinguassú :Em Novembro de 2008 : Lançamento do Livro: O
Chamado da Terra
O que Mudou?
Abaixo, Alguns REGISTROS sobre este TEMA que Não FINDA em acúmulos de DESRESPEITO ,DESONRA, CRUELDADE, HOLOCAUSTO SECULAR! Brasil e Américas-Mundo(Humanidade) Tem um Débito
mais que SECULAR
http://portalafricas.com.br/organizacoes-indigenas-e-indigenistas-se-negam-a-participar-das-audiencias-publicas-referentes-a-pec-215/
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=7596&action=read
http://topicos.estadao.com.br/noticias-sobre-indios
http://www.amnistia-internacional.pt/index.php?Itemid=79&id=316&option=com_content&task=view
http://www.abant.org.br/conteudo/ANAIS/CD_Virtual_26_RBA/grupos_de_trabalho/trabalhos/GT%2005/antonio%20brand.pdf
http://pib.socioambiental.org/pt/povo/guarani-kaiowa/553
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