quarta-feira, 18 de junho de 2014

Texto mais que ATUAL- Data Original 2008

"POVOS"-  Nações  INDÍGENAS 

COM PROFUNDO RESPEITO AOS NOSSOS ANCESTRAIS











Por Liana Utinguassú
Escritora
Servidora /Presidência Oscip Yvy Kuraxo(Voltada aos Povos Indígenas)

          No  que diz respeito aos Povos(Nações) Indígenas, muito se fala, se critica, se discrimina,  pouco se sente  e  o desrespeito é constante.
        Me pergunto frequentemente: “O que mudou”, desde o descobrimento do Brasil?         Aliás  a primeira pergunta é: Como poderiam  descobrir se por aqui já estavam nossos ancestrais?
          
        A Constituição de 1988 é um  de  divisor de águas aqui..Muitos esforços dos povos indígenas , organizações não governamentais,antropólogos,Parlamentares e demais simpatizantes na causa se mostravam  empenhados em resguardar os direitos dos Povos Indígenas, mas parece que nada avançou na prática, porque constantemente vemos o não índio atribuir julgamentos cruéis aos nossos parentes indígenas. Não consigo entender quando escuto: “Os índios não precisam de Terra, já tem demais”, não necessariamente nesta ordem, mas as frases se seguem neste contexto por aí à fora. Outros dizem: “Os índios são  violentos, selvagens” (referindo-se  aqui ao episódio   exibido na TV Globo, quando o engenheiro da Eletrobrás foi atingido com golpe de facão pelos Kaiapós). Também escuto que índio que é índio não vem para cidade, que  os descendentes não  merecem ser reconhecidos como  índios, que os índios que estão na cidade são qualquer outra “coisa”, já se  envolveram com o Juruá(não índio).
            
          Tenho escutado muito e tenho visto poucos dedicarem um segundo para reflexão , para  procurarem olhar sob a ótica do indígena .
            
         Os  indígenas  são seres humanos ,para quem ainda questiona. Em sua maneira de ser e viver guardam  sabedoria, prudência e uma inteligência suprema no trato com à Mãe Terra e  no  respeito aos seus irmãos representados em  toda natureza.Eles  sempre conheceram e conhecem como preservá-la, mas o  não índio parece ignorar o valor destes povos e o expulsam de sua morada sagrada como insetos.Com todo respeito aos insetos, nossos irmãos, sabemos que  os índios não são desta espécie, mas a respeitam.
            Estes povos  taxados de ignorantes, incoerentes, desorganizados, preguiçosos, incapazes , são  jogados costumeiramente à beira das estradas por aqueles que deveriam honrar a palavra  e deixá-los viver em paz. Estes povos  morrem de forma brutal , carregando marcas seculares em suas almas e continuam morrendo  e renascendo sem que muitas vezes a sociedade do não índio saiba e  lhes dê atenção devida, pois   afinal, estes povos estão  no passado ou nunca existiram para o não índio.
           
            Alguns dizem que índio “verdadeiro” não existe mais e me pergunto: “Onde está o ser humano verdadeiro?” Será que  um dia existiu? Acredito que povo sem consciência ainda é pior que povo sem memória, então por isso devemos refletir : “Quem fomos, quem somos, e que estrada estamos trilhando.”
               
                Quem será  que sabe mais sobre  como preservar a Mãe Terra? Onde estaremos daqui há alguns anos? Dadas as seqüências de catástrofes climáticas, o galopante desmatamento e ocupação da Amazônia, ao lixo acumulado no fundo do oceano pelo progresso do homem ,aos aumentos na produção de gases e do efeito estufa, acredito que todos estamos  no centro de um furacão que irá nos conduzir  ao resultado de  tudo que aqui plantamos. E  mais uma pergunta surge: “Quem foi mais selvagem?  Quem agiu de forma mais incoerente? Quem foi preguiçoso, violento? Incapaz?
               
                Nossos parentes indígenas  jamais desistirão de cuidar da Terra, eles não a vendem, nem por todo ouro deste mundo! A Terra  tem todo tempo, ela  seguirá seu curso, mas e nós? Temos  todo tempo? Com certeza que não. Não sei se estaremos aqui, amanhã, então respeitemos aqueles que deveriam ser  para nós os exemplos de maior sabedoria à ser seguido. Busquemos honrar  respeitar  suas leis que  são  verdadeiramente lúcidas, sensatas e  altamente democráticas, pois não há imposições, todos  colaboram e os  pajés, que são lideranças espirituais chefes respeitados,trabalham firme  para o bem de toda comunidade. Assim eles caminham.. Cuidam das crianças, dos mais velhos, com carinho e respeito, portanto quaisquer falas  sobre estes povos sem conhecê-los no seu modo de ser, será um julgar pelas leis do  não índio que cada vez mais se perde  por não honrar  aos seus ancestrais e jogar palavras ao vento.
                 Recentemente  vimos mais uma avalanche de  violências contra   nossos Parentes.Aqui  no Sul, tivemos a prisão de um Cacique  Mbyá Guarani (Santiago) da  comunidade de Eldorado do Sul.Foi algemado injustamente, e as famílias foram colocadas à beira da estrada por conta de uma ordem judicial inconstitucional, alegando que ali não era  terra demarcada dos  Mbyá Guarani e sim terras da FEPAGRO..Logo em seguida, em Camboinhas (Rio de Janeiro), vimos o horror  vivido pela comunidade Guarani  totalmente queimada  gerando  caos  entre sentimentos de medo, revolta, “guerra” que o não índio declara e o índio  percebe que está sendo caçado.Sim, caçado! Então pensemos como nos sentiríamos se acordássemos e víssemos nossas casas, nossas crianças, nossos parentes  correndo risco, o fogo consumindo e sem ter a quem recorrer.São tantos  acontecimentos tristes  e sem solução aparente que me pergunto: 

O que está acontecendo? 
                 
                 Será que o homem perdeu sua alma?O que dizer de crianças que morrem nas reservas, vítimas de bala perdida, vítimas de abusos de  todos os tipos? Na medida em que vamos citando um a um os casos, acredito que   não dá para ficarmos sem expressar  nosso mais profundo pesar, amargura. Mas,  sabem porque estes povos seguem em frente? Porque jamais, jamais  se pode  matar um espírito forte e Guerrero de verdade. Ele persiste, ele segue, renasce, se preciso, das cinzas.Assim foi , é e será. 
                  
                  Valores como: Respeito,Honra, Justiça e por que não dizer aqui, Gratidão, podemos encontrar  nas comunidades indígenas  e a carta do Chefe Seatle de 1854 ,nunca esteve tão atual. Abaixo citamos como reflexão uma parte da carta:
               


   “Se vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la separada e sagrada, 
como um lugar onde mesmo o homem branco pode ir para sentir o vento
que é adoçado pelas flores da campina. “

                  “Assim, vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. 
Se resolvermos aceitar, eu imporei uma condição – o homem branco
deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. “

                  “ Sou um selvagem e não entendo de outra forma. “

Liana Utinguassú  :Em Novembro de 2008 : Lançamento do Livro: O Chamado da Terra

O que Mudou?

Abaixo, Alguns REGISTROS  sobre  este  TEMA que  Não FINDA em acúmulos de  DESRESPEITO ,DESONRA, CRUELDADE, HOLOCAUSTO SECULAR! Brasil e  Américas-Mundo(Humanidade)  Tem um Débito  
mais que SECULAR

http://portalafricas.com.br/organizacoes-indigenas-e-indigenistas-se-negam-a-participar-das-audiencias-publicas-referentes-a-pec-215/

http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=7596&action=read

http://topicos.estadao.com.br/noticias-sobre-indios

http://www.amnistia-internacional.pt/index.php?Itemid=79&id=316&option=com_content&task=view

http://www.abant.org.br/conteudo/ANAIS/CD_Virtual_26_RBA/grupos_de_trabalho/trabalhos/GT%2005/antonio%20brand.pdf

http://pib.socioambiental.org/pt/povo/guarani-kaiowa/553