sábado, 13 de abril de 2024

Dia do Indio: Um Olhar REAL


Vamos lá...

Dia do Índio

Gostaria de abordar um pouco "diferente" este dia.
Sou Liana Utinguassu e sim, me reconheço pertencente à este Universo.
É um Universo que carrega um ANTES que merece ser  reconhecido e reconhecer é Respeitar.
Desde menina, sinto uma identificação profunda com a Terra e meus sonhos sempre apontavam caminhos relacionados aos "indios".
A Palavra não traduz.
Indígena, significa originário.Muitos parentes indígenas não aceitam este "rótulo" e até classificam como folclórico e preconceituoso.
A palavra indígena, é "aceitável" ,mas índio é uma ofensa.





Seguidamente, me procuram para abordar o tema e me sinto muito honrada, pois ao longo de mais de 30 anos, escutei um chamado da Terra e mergulhei em uma peregrinação pessoal, que me levou a estar com muitas etnias, no Brasil e Américas, tanto indo ao encontro de irmãos(ãs) indígenas em diferentes comunidades, bem como hospedando algumas etnias em minha casa,promovendo debates inter culturais e também participando de conselhos intertribais que ecoam em mim, em minha alma, espírito e toda minha existência por aqui.
Acima, está um destes registros, bem como outros registrados no https://open.spotify.com/episode/6r7WF1f04lhFnKecAEVYDY, gravado em 2018 pela Universidade Federal de Ouro Preto, sistema UFOP de rádio e roquete Pinto, dirigido por Glaucio Santos.
Mas, não desejo aqui, espremer 30 anos de intensa "militância", indígena, porém agradecer sim, por todo este antes, por pertencer e ter a oportunidade de contribuir no sentido de um outro olhar, um olhar onde não se esquece a história,porém não se fica refém desta história.
Muitas pessoas, ainda enxergam o indígena com "pena", com outros tantos preconceitos que denigrem a imagem das nações originárias e isto, só nos enfraquece, pois onde excluímos, rejeitamos ou desrespeitamos esta força que compõem nossa história, todos nós ficamos frágeis e incapacitados.
Reconheço que também carrego origens outras, Portuguesa,por exemplo e não luto contra, apenas agradeço por ser quem sou e por carregar em mim esta história.
Retomei o convívio intertribal há mais de 30 anos, onde fui batizada em aldeia  Mbya Guarani e também recebi outros nomes de outras etnias que me reconheceram uma irmã.
Ainda escuto algumas observações "separatistas", igualmente cheias de preconceitos,mas o importante é o que fazemos com o que nos chega, a partir do que e como nos chega.
Deixo aqui minha eterna e infinita Gratidão à todos e por todas as minhas relações.

SIM! Pertenço e SIM, não há o que provar.
Quando temos que provar algo, é porque não sentimos e não sabemos nosso real lugar nesta vida.
Sabem porque os Indígenas se chamam de parentes?
Porque não separam,porque reconhecem todos como filhos(as) da Terra,mas ainda escutamos rótulos:
Branco, Negro, Indio,Cafuzo...
Sinto muito por isso,mas nenhum destes rótulos traduzem quem realmente somos.Me refiro à Humanidade como um todo.
Então, quem sabe, possamos um dia, ir além do aparente e de fato, unirmos nossos arcos em um grande circulo de família universal e então dançarmos juntos, para Terra, para o Céu, para as estrelas, para o Sol, Lua, astros, reinos, direções, mundos...

FELIZ novo tempo
Feliz reconhecer
Ipora ete aguyjevete
Xe'ema Mbya Reko
Liana Utinguassu Ywarapy'a








 

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